domingo, 31 de maio de 2015

Importar pode! Plantar não! Cannabis medicinal urgente!


Sabemos que a liberação do CDB foi para nós mães que lutam pela qualidade de vida de seus filhos, um marco super importante nessa longa caminhada, mas somente com a importação o acesso ao medicamento não é garantido, além de termos outras patologias que precisem da substância não somente a epilepsia de difícil controle, e essas  não tem autorização para uso, fazendo assim uma autorização excludente.

A liberação da maconha em território nacional hoje é uma necessidade, não sou a favor do uso desse tipo de substancia para fins não medicinais, porém consigo entender, compartilhando da ideia de Orlando Zaccone, delegado titular do 31º DP do Rio de janeiro, que as drogas matam proibidas e legalizadas, mas proibidas matam mais porque matam não só pelo uso, mas também pela proibição. É possível reduzir os danos com a legalização da venda e do consumo. Todas as drogas, lícitas ou ilícitas, trazem malefícios à saúde. Não tem uma distinção científica para definir por que algumas são proibidas e outras são permitidas. O fato de uma droga ser proibida ou não, não é uma questão de saúde, mas uma construção política de um ambiente social. Compartilhado ainda da ideia do delegado, em 2014, o álcool, que em alguns países árabes é proibido, patrocinou a Copa do Mundo de futebol, fazendo com que a justiça brasileira criasse brechas na Lei 12.299 /10, do estatuto do torcedor que proíbe a venda de bebidas alcoólicas em estádios, criando uma lei exclusiva para a copa das confederações e a copa do mundo, visando somente ganho econômico o que não foi questionado por ninguém. E, de acordo com pesquisas, o álcool é a droga que mais causa danos à população. Quando se fala das drogas ilícitas, se esquecem das lícitas. O álcool causa acidentes de trânsito, violência doméstica e não se fala dos efeitos nocivos do álcool. Mas será que a proibição do álcool iria resolver? A maconha, foi proibida há dezenas de anos porque era usada pelos escravos e havia um movimento para reprimir tudo que vinha desse grupo de pessoas, não só a maconha, como também a capoeira, o jazz e o samba por exemplo. O objetivo não era controlar o uso da droga, mas a população que fazia uso dela.

Então porquê a exemplo do Uruguai não liberar a maconha em território nacional? Por que preferem investir tanto nessa guerra ao tráfico e não investem em campanhas de conscientização, deixe quem quer usar que use.

Hoje existe substâncias que podem trazer qualidade de vida para centenas de brasileiros, encontradas na maconha, alivio para as mais diversas patologias, então o porquê dificultar tanto o acesso? Porque podemos importar, mas não podemos plantar? 

Hoje, como mães marchamos ao lado de pessoas que são contra a proibição, não participamos da marcha toda, pois estávamos com nossos pimpolhos, fizemos nossa participação! Fomos extremamente bem recebidas, bem acolhidas e respeitas, aos que dizem que "maconheiro é tudo irresponsável" lhes digo que nos respeitaram mais do que a sociedade em que estamos, nessa sociedade que nos exclui, que nos olha torto, essa mesma sociedade tão preocupada com o bem estar, que ocupa vaga de deficiente, que retira o filho de perto do meu!

E antes que digam algo do tipo, "tá com pena leva para casa" eu direi, se pudesse levaria sim, tiraria todas as crianças de aérea de risco, cuidaria de todas em situação de vulnerabilidade, as daria amor e faria com que  todos tivessem as mesmas oportunidades, independe da cor ou classe social. Faria com prazer o papel desse Estado doente e excludente. E se no futuro quisessem fazer uso, que fizessem recreativo e não como peças de faturamento do tráfico.

O cbd virou a  maconha medicinal que virou antiproibicionismo com redução de danos.

Obrigada meu filho por me fazer compreender as coisas de outra forma, obrigada por me fazer não acomodada com o normal.



domingo, 10 de maio de 2015

A nós mães, todo amor de mundo!

Geralmente quando as pessoas descobrem que sou mãe de uma criança com deficiência, em 80% o recebimento da noticia vem junto com uma cara de dó, daí logo emendo com um " minha mais velha tem altas habilidades/superdotação", e confesso que me divirto com a reação das pessoas! Na maioria das vezes não sabem se me felicitam pela Isabelle, porque para a maioria, ter um filho AH/SD é a sétima maravilha do mundo, ou se lamentam pelo Guilherme, como se ter um filho com paralisia cerebral, epilepsia de difícil controle e autista fosse ser o Armagedom. Somos diferentes sim, mas quem não é? E isso que faz a vida ser tão linda, a diversidade, imaginem todos gostando do preto e querendo comer brócolis, o que seria do mundo? Em algumas situações são atribuídos a mim adjetivos como, "guerreira", "batalhadora", "especial", sendo esse ultimo é o que mais me incomoda, por que ele soa como premio de consolação pela minha "falta de sorte". Mas tenho que confessar que não sou essa super mulher maravilha, as vezes só quero dormir até as dez, ou usar o banheiro sozinha, faz  11 anos que não uso o banheiro sozinha, nem sei mais o que é isso...Quantas noites cheguei cansada da faculdade querendo dormir e minha filha queria discutir filosofia e a origem das crianças das estrelas, algumas vezes peguei no sono enquanto ela narrava sua certeza em não pertencer a esse planeta. E por quantas outras vezes eu quis dormir no domingo até as dez horas e o Guilherme as 6:00 já estava de pé, pedindo café e com toda a energia do mundo! Temos uma rotina diferente, negar isso seria tolice, todas as terapias e os acompanhamentos para ambos, mas não por isso que somos guerreiros ou especiais, temos dificuldades e tentamos aprender a lidar com elas, ponto. Tenham certeza, nem todos os dias são um mar de rosas, principalmente aqueles que o Guilherme passa tendo crises a madrugada toda. Mas tem dias que são lindos, divertidos, cheios de aprendizados e brincadeiras.  As vezes eu canso, quero fugir, tenho inveja das minhas colegas de faculdade, e por mais que eu tente encarar minha realidade como algo natural, as pessoas fazem questão de me esfregar na cara todos os dias de como a sociedade não está preparada para nós. E essa dor ninguém vai tirar de mim,  a dor de ver eles sofrendo, a dor de meu filho ser convidado a se retirar de alguns lugares ou muitas vezes nem ser permitido de frequentar outros, a dor de ter que brigar quase que diariamente para que nos respeitem, para que entendam de um vez por todas que temos os mesmo direitos que qualquer um, e nos dar acesso a isso não é de forma alguma um favor. Não sou guerreira, não sou especial, não sou a mãe da inclusão, a mãe da altas habilidades, sou somente mãe. Uma mãe apaixonada pelas suas crias, que enxerga nelas um potencial inacreditável, afinal são meus filhos, e modéstia a parte são espetaculares mesmo!