sexta-feira, 20 de março de 2015

Desculpa ele é deficiente!

"Desculpa ele é deficiente!" Sempre que me pego falando essa frase, sinto um vazio gigante dentro de mim. Como se fôssemos um estorvo que devemos sempre nos desculpar por estarmos atrapalhando o bom funcionamento da sociedade. Sei que nem todos conseguem reconhecer que o Guilherme é uma criança com especificidades, com um desenvolvimento diferente, até por que todos os diagnósticos dele não estão ligados a uma patologia que altere suas características físicas . Então suponho que sofremos um pouco mais, não que seja fácil ou menos sofrido para uma família que tenha um ente com essas alterações, mas com o Guilherme parece que sempre sou pressionada a dar justificativas por conta do seu comportamento, sou cobrada sobre isso com olhares e comentários.  Sim ele anda, mas faz uso de cadeira de rodas também, se cansa fácil, cansa de andar, e a mãe aqui não tem mais como carrega-lo no colo, tá um mocinho, mas vou ter que admitir que quando ele está nela é respeitado, dependendo do lugar que eu vou faço questão de levar ele na cadeira. Porém temos aqueles momentos que ele quer brincar, quer dar uma corridinha, fazer as besteirinhas que ele sabe fazer, girar alguma coisa, jogar algo para o alto, quer ser criança e é ai que eu percebo o preconceito, porque qndo ele está na cadeira é como se ele não oferecesse perigo, é só ignorar que está tudo sob controle, mas quando ele não está, ahhh quando ele não está na cadeira o mundo é o limite, e ele com toda sua curiosidade e sem maldade nenhuma no seu coração quer descobrir tudo, testar todas as possibilidades. E é ai que vejo as pessoas se afastando com seus filhos, olhando com olhar de reprovação qualquer comportamento dele que não seja totalmente aceitável para uma criança de quatro anos, e por muitas vezes ao perceber que ele está sofrendo algum tipo de preconceito solto a justificativa " ele é deficiente",  dai pronto todos aqueles olhares de reprovação, olhares de sarcasmo se tornam olhares de dó, pobre coitada da criança, e já inicia-se o processo que tratar ele como alguém incapaz, que não sabe o que faz. Odeio ter que dar justificativas, mas por muitas vezes não aguento a pressão, confesso. Algum tempo atrás estávamos na fila do banco eu com ele no colo e encosta ao meu lado um segurança e diz que devíamos ir para fila normal pois a preferencial é somente para crianças de até 2 anos, e o Gui por mais que tenha 4 parece que tem 6, expliquei a ele que meu filho tinha deficiência e que por aquele motivo estamos ali, no mesmo momento ele começou a nos olhar de forma diferente até que soltou um, "que dozinha dele, uma criança tão bonita".  Oi? Ah então só feio pode ter problema? Sim essa foi minha pergunta para ele. Ele nos olhou de forma meio desconcertada e se afastou, não quis pensar o que deve ter imaginado a meu respeito. São pouquíssimas as vezes que somos respeitados,  que o que é direito dele é lhe dado sem que eu tenha que fazer uma longa justificativa e ouvir os comentários que as pessoas acham que colaboram para minha vida. Pessoas eu sou feliz com meu filho. Se daria tudo para ele não ter deficiência, não ter epilepsia? Com certeza não tenham duvida disso, mas não é por isso que eu sou infeliz, que somos tristes ou que precisamos de pena. Não tenho problemas em responder perguntas, aliás como eu disse antes a deficiência dele não é percebida de imediato, por isso façam perguntas, tirem suas dúvidas, mas por favor não o julguem incapaz, ou façam comentários ridículos, vocês não fazem ideia do que ele já passou para estar onde está hoje, ele não merece pena, merece admiração! No mais Beijo para vocês!



















2 comentários:

  1. Parabéns amiga pelo filho lindo que vc tem, aliás, os dois. Parabéns por ser essa guerreira e ensinar o Gui a ser guerreiro tbem! Bjs

    ResponderExcluir
  2. Postei origonalmente ese comentário num post num artigo velhobdo site

    Que mravilha que ótima noticia tenho 32 anos hoje e também fui curado do west quando era bebe hoje levo uma vida 100% normal com algumas ressalvas. Como não poder correr nem pegar muito peso mas hoje ninguem diz q eu tive algo assim o ruim é ter que lidar com a ignorancia da classe medica que ainda enquadra west junto com epilepsia o q faz com.que algumas empresas se neguem a encaixar um ex west na cota legal

    ResponderExcluir